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Assim, e porque Lisboa significa aqui metonimicamente Portugal, esta referência a Ulisses, figura mítica vinda do mar, simbolizaria o destino marítimo dos Portugueses.

 

      Paradoxo do 1º verso: «O mito é nada que é tudo»:

 

                  ⇒ «O mito é nada» porque é uma explicação fantasiosa do real, no entanto, porque explica esse mesmo real, acaba por se tornar, também ele, concreto.

 

                   ⇒ O mito cria as condições necessárias para que se possa dar concretização a uma ideia.

 

      Valor e possibilidades criadoras do mito presente na 2ª estrofe:

                  ⇒ Bastou para que Lisboa tivesse o nome que tem;

                   ⇒ Bastou para que o povo Português se pudesse sentir projectado para a grandeza que tem e poderá ter;

                   ⇒ Foi o primeiro impulso dado a um povo que edificaria um império cuja cabeça seria Lisboa.

 

      Valorização constante do mito:

                   ⇒ Elevado pelo sujeito poético a um estatuto criador e divino («Assim a lenda escorre/ A entrar na realidade,/ E a fecundá-la decorre»).

                   ⇒ A lenda, embora uma força obscura, penetra a realidade presente, infiltra-se como sinal divino na vida que fica reduzida a menos que nada e o seu destino é fatalmente a morte.

 

      Estrutura interna: três partes:

 

                   ⇒ 1ª Parte: 1ª estrofe – o alcance do mito;

                   ⇒ 2ª Parte: 2ª estrofe – Ulisses enquanto mito;

                   ⇒ 3ª Parte: 3ª estrofe – o mito é imprescindível.

 

Aspectos morfo-sintácticos e semânticos

 

      Oxímoro: «O mito é o nada que é tudo».

                        «Foi por não ser existindo. / Sem existir nos bastou. / Por não ter vindo foi vindo…»

                             ⇒ Exprimem o carácter contraditório do mito.

 

      Metáforas-Imagens: «O mesmo sol… É um mito brilhante e mudo…»;

                                   «O corpo morto de Deus vivo e desnudo».

 

                  MITO = sol brilhante que nos abre os céus e como um Deus que, parecendo morto, se revela às vezes aos homens como vivo.

 

      Formas verbais: «Escorre» (v. 11) / «Decorre» (v. 13) = traduzem a acção duradoira e persistente do mito – aspecto durativo.

 

      Alternância dos tempos verbais:

                             1ª Estrofe: Presente – porque se trata de uma definição;

 

                             2ª Estrofe: Perfeito – narração do nosso passado;

 

                             3ª Estrofe: Presente – porque se trata de uma conclusão: a lenda é essencial aos feitos dos grandes povos.

 

      Formas perifrásticas: «foi existindo» (v. 7) e «foi vindo» (v. 9)

 

                             Caracterizam o processo gradual da criação dos mitos e da sua acção.

 

      Expressão adverbial: «Em baixo» (v. 14)

                                        

Estabelece uma contraposição com o que o poeta afirma atrás a respeito da dinâmica do mito: «O mito abre os céus, é um deus vivo», isto é, vem do alto.

                             Mas a expressão «Em baixo» refere-se à vida desligada do mito, que, sendo «menos que nada» morre.

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