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Se a alma que sente e faz conhece
Só porque lembra o que esqueceu,
Vivemos, raça, porque houvesse
Memoria em nós do instincto teu.

Nação porque reincarnaste,
Povo porque resuscitou
Ou tu, ou o de que eras a haste –
Assim se Portugal formou.

Teu ser é como aquella fria
Luz que precede a madrugada,
E é já o ir a haver o dia
Na antemanhã, confuso nada.

 


O Poema é constituido por :
3 Quadras
Rimas Cruzadas (A,B,A,B)
Octosilábicos



Análise Temática
1ª Estrofe - Fernando Pessoa enfatiza aqui a importância da memória Histórica. Se a alma (ou o homem) "faz" e "conhece", é "porque lembra o que esqueceu" ( da sua Históri, que se esquece, mas que permanece). E a memória de Viriato é uma memória da história que permanece forte. 
2ª Estrofe - Nesta Estrófe reafirma-se o que foi dito na primeira, Viriato vive sempre, porque é um mito, uma memória Histórica. Viriato influência decisivamente o ímpeto da nação que nasce, que existe ainda antes de ter território, em conceito de liberdade. Isso foi decisivo para o futuro de Portugal - "Assim se Portugal formou".
Acredita-se que Viriato tenha nascido antes de -146 A.C. 
De pastor passou a lider dos Lusitanos, deu guerra aos Romanos, sempre mostrando bravura no campo de batalha e muita astucia na estratégia militar. 

3ª Estrofe - Fernando Pessoa usa aqui a metáfora da manhã para comparar o mito da nobreza de Viriato. Diz-nos que o seu "ser" ( o seu mito) é como a manhã para o dia. A "fria Luz" (o mito), quando " precede a madrugada" ( o novo dia), não é ainda nada, mas apenas um começo, o nada (o mito) é o tudo ( o dia), mas só em potência, ainda sem acontecer. Num "confuso nada", refere-se ao símbolo ser difuso e ínutil por si só, tem de achar uma utilização um momento ideal de fecundar a realidade. 
 

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